Incorporação em Foco: a pandemia e a recuperação do mercado imobiliário

23 de Outubro 2020 as 11h00 | Por: Prof. Jamil Rahme.

A complexidade interposta pelo cenário criado pela pandemia ao mercado imobiliário brasileiro demanda cada vez mais de quem atua no setor flexibilidade para transformar seus modelos de negócios e seus processos de tomada de decisões estratégicas.

Para quem assim tem procedido, as últimas semanas forneceram notícias que inspiram otimismo na viabilização de novas oportunidades ao longo dos próximos meses.

A primeira notícia que merece atenção no contexto atual diz respeito à criação de empregos pela construção civil no país. De acordo com dados recentemente divulgados pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor criou 50.849 empregos em agosto, seu melhor resultado desde fevereiro de 2020.

Considerando o desempenho da construção civil neste indicador ao longo do terceiro trimestre de 2020, estes dados fortalecem uma perspectiva de gradativa superação da fase de mais aguda desaceleração verificada no início do ano: trata-se do terceiro mês seguido em que as contratações superam as demissões no setor.

A recuperação neste indicador também se reflete em outro índice de grande importância para incorporadores: o Índice de Confiança da Construção (ICST), um dos principais termômetros para mesurar as expectativas futuras do setor quanto à realização de investimentos.

Conforme aferido pela Sondagem Nacional da Construção da Fundação Getúlio Vargas em setembro de 2020, o ICST registrou uma elevação de 3,7 pontos, atingindo a marca de 91,5 pontos. Com este resultado, este indicador fechou o trimestre com uma média de 87,7 pontos, 17 pontos acima da média verificada ao longo do segundo trimestre de 2020.

Conjuntamente ao desempenho de outros indicadores, o resultado registrado pelo ICST retrata não só a retomada do dinamismo na incorporação no período: reflete igualmente a formação de uma percepção dominante no mercado, marcada por expectativas profundamente otimistas de recuperação sustentada de atividades e do crescimento do setor no futuro próximo.

Diante das nuances do contexto criado pela pandemia, o bom desempenho destes indicadores torna ainda mais importante que incorporadores adotem posturas estratégicas quanto à apresentação de novos lançamentos, perpassadas pela busca das melhores respostas às seguintes perguntas:

  • Em que investir?
  • Quando investir?
  • Aonde investir?

 
Para o CIE - CURSO INCORPORAÇÃO DE EDIFÍCIOS, o bom planejamento de investimentos futuros é crucial para o crescimento sustentável de quem atua na área: as tendências do cenário atual do mercado imobiliário formam o tema de hoje de Incorporação em Foco.

TENDÊNCIAS DA INCORPORAÇÃO: DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS POR SETORES DE MERCADO

O contexto criado pela pandemia nos primeiros meses de 2020 não somente afetou de maneira significativa no desempenho das atividades de incorporação no país: também impactou de maneira desigual a capacidade de absorção de novos empreendimentos pelo mercado.

De todos os segmentos de incorporação de edifícios, aquele que merece especial cuidado é o da construção de unidades comerciais voltados para escritórios corporativos.

Neste setor, as incertezas criadas pela adoção do home office como regime de trabalho por diversas empresas implicaram em significativa redução da demanda por lançamentos deste tipo, tendência que igualmente tem suscitado uma recuperação mais lenta do dinamismo do mercado para quem atua neste segmento.

Para incorporadores que atuam no atendimento desta demanda, o momento atual, de um lado, exige cautela em novos investimentos, principalmente para bem aproveitar perspectivas futuras mais favoráveis para o setor. De outro, criou circunstâncias particularmente oportunas para a diversificação estratégica de modelos de negócios para atender outros segmentos.

No panorama atual, uma das melhores opções de investimentos se encontra no mercado da habitação: não somente o setor foi menos penalizado pelo contexto criado pela pandemia, como também é aquele que tem apresentado indicadores que apontam para uma forte tendência de crescimento sustentado a curto e médio prazo no país.

Para este segmento, a manutenção de taxas baixas de juros e da oferta de crédito tanto tem auxiliado diretamente a minorar os impactos da desaceleração do mercado, assim como tem facilitado na recuperação dos indicadores de intenção de compra de imóveis por novos adquirentes. Trata-se, portanto, de um momento ideal para direcionar o planejamento para a incorporação residencial!

TENDÊNCIAS DA INCORPORAÇÃO: OTIMIZAR INVESTIMENTOS POR PRAÇAS

Seja para quem já atua em incorporação residencial, seja para quem pretende se inserir no setor, a realização de lançamentos nos dias atuais exige precisão em novos investimentos, principalmente diante das nuances geográficas dos impactos da pandemia sobre o comportamento da economia brasileira.

No caso, é preciso levar em conta que a pandemia afetou de maneira desigual não só diversas atividades econômicas, como também que seus impactos tem sido distintos por todas as regiões do país: esta particularidade torna ainda mais imprescindível o refinamento dos critérios de materialização de novos investimentos para a obtenção de retorno financeiro com segurança e rapidez.

No mercado imobiliário, tais diferenças têm se feito sentir diretamente em seu processo de recuperação após o primeiro semestre de 2020: a retomada do dinamismo do mercado tem sido mais expressiva nas regiões Sul e Sudeste – particularmente em São Paulo e no Rio de Janeiro – do que em outras regiões do país.

Se, de um lado, este cenário torna as praças situadas nas regiões Sul e Sudeste mais atraentes para novos investimentos, de outro, em virtude da intensa concorrência local, é preciso que o incorporador leve em consideração um bom entendimento das principais demandas de mercado nestas regiões como critério primordial para o planejamento de seus lançamentos.

Quanto ao restante do país, a criação do programa Casa Verde e Amarela pelo Governo Federal fornece uma excelente alternativa para quem deseja atuar em outras praças: a adoção de condições especiais de financiamento para adquirentes atendidos pelo programa em empreendimentos nas regiões Norte e Nordeste permite vislumbrar um contexto particularmente favorável para a recuperação do mercado nestas regiões.

Neste último caso, pelo próprio foco do programa na ampliação da oferta habitacional para a população de baixa renda destas regiões, a preferência por projetos de qualidade que contemplem este nicho de mercado pode ser um diferencial essencial para o sucesso de incorporadores que almejam se inserir ou ampliar sua participação nestas áreas do país.

Independentemente da praça de atuação, a adequação dos projetos arquitetônicos residenciais para as demandas surgidas com a pandemia é fundamental para incorporadores nos dias atuais: unidades que contemplem em sua infraestrutura cômodos para home office ou áreas de lazer como varandas ou coberturas têm sido profundamente bem recebidas pelo mercado!

Por fim, diante das distintas oportunidades apresentadas neste cenário de retomada, a adoção de perspectivas estratégicas de seleção territorial para novos empreendimentos tem sido fundamental: tanto a diversificação de praças de atuação, quanto o refinamento na leitura das demandas atuais de mercado podem ser cruciais para a realização de bons investimentos!